domingo, 1 de dezembro de 2013

Os prazeres da carne

           DaMatta, antropólogo brasileiro, relata, num olhar masculino em seu livro  "O que faz o brasil, Brasil?" a relação entre o desejo sexual pelas mulheres e a vontade de se comer por prazer, exemplificando este efeito com metáforas como "comer ela" e etc. Dessa mar maneira, mostra que o olhar masculino gosta de se saborear e desejar a consumação pelo ato de devorar.
      Quando não resistimos a um prazer, separamo-nos de nossa própria carne e a culpamos dizendo: "a carne é fraca." Isso faz com a cultura do homem machista arrebente, valorizando o gosto do que ele chama de "filé" e fica longe do que ele chama de "gordura", gerando assim, uma comparação do tipo de presa que o "macho caçador deve alcançar". Muitas mulheres querem ser "gostosas", mas querem ser "saboreadas" por quem, afinal?
         
Mulheres nada a ver reforçando a cultura da comparação de partes do corpo com partes cobiçadas pelos lobos.

          Em um outro dia, vi em uma festa várias meninas carimbada com o selo "Friboi", todas se exibindo conforme os homens mexiam com elas devido ao carimbo. Elas podem estar apenas brincando sobre "ser carne de boa qualidade", mas quem irá "caça-las" ? Há momentos que as mulheres até podem gostar de chamar a atenção para diversos olhares. Mas e quando esses olhares coagem e amedrontam?
          

Lolô acha que mulheres podem ser comparadas com pedaços de carne. Que vergonha, Lolô!

             E quando os gestos de "caçador" as fazem temer os donos desses atos estúpidos? Às vezes, até ir jogar o lixo para fora de casa ou passear com o cachorro podem render momentos desagradáveis  graças à todos esses olhares masculinos que, mesmo sendo de admiração, ferem e machucam as mulheres.
            Interessante é que quando eu fazia a minha pesquisa para prover essa postagem, entrei em um site chamado "Isso é bizarro", numa seção chamada "coisas que podem acontecer numa sexta-feira" havia fotos chocantes de mortes e cortes de pele. As fotos de mulheres bonitas mortas tinham legendas falando: "ver carne Friboi sendo inutilizada." Isso só demonstra o extremo de como a nossa cultura grotesca consegue zombar com jovens mortas brutalmente, sem se importar quem são ou respeitar os sentimentos alheios.
       
Nem uma figura do poder público internacional deixa de atirar olhares incômodos.

          Sou a favor que surja uma antropofagia cultural onde culturas se misturam em nome de uma igualdade social. Mas tratar uma mulher como algo que é feito para ser apenas consumido ou que pode estragar é uma atitude de meros animais que amedrontam por não se garantirem em conquistar de verdade uma mulher. 
        Para encerrar, vale muito a pena ver a crítica deste cartoon: http://chiqsland.uol.com.br/2013/08/esse-boi-e-friboi/

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